Não me recordo se em 2001 éramos a primeira ou segunda turma do MBA em Derivativos da BM&F/USP, com aulas na Líbero Badaró. O que me recordo é que foi lá que percebi o quão importante para a Açucareira era ser capaz de gerenciar seu risco de mercado.
Em 2002, com a ajuda do antigo RiskOffice, implementamos a divisão de gestão de riscos de mercado. Posso afirmar que o convencimento da alta gestão foi o maior desafio. Estávamos em 2001. Inovando no agronegócio.
Foi necessário mensurar o quanto a organização estava exposta a uma série de riscos, incluindo os de mercado. Quantificar seu potencial impacto no EBITDA orçado e no fluxo de caixa projetado. Criar os instrumentos para mensuração, avaliação e gestão das incertezas nos resultados futuros. Colocar tudo em prática.
Os resultados possibilitaram muito mais que uma maior transparência a esse importante componente do negócio. Possibilitaram o estreitamento do relacionamento com investidores, ampliação de limites e linhas de crédito. Impacto da redução do nosso risco de crédito.
De 2001 até hoje, estou implementando novas soluções, dentro e fora do setor, sempre em torno da gestão dos riscos no agronegócio. Todas com os objetivos alcançados e que trouxeram e continuarão trazendo muito aprendizado.
Nestes anos, muitas vezes duvidei que este período de convencimento teria destaque no agronegócio. Ainda mais iniciando pelo setor de açúcar e etanol. Afinal ele não tem a obrigação legal de implementar uma política de gestão dos riscos de mercado como outros setores. Por exemplo as instituições financeiras.
Porém, o agronegócio tem uma enorme exposição a variação dos fatores de risco de mercado. Para a maioria, a variação dos preços, das taxas como a de câmbio ou selic e de índices, Esalq ou IGPM.
Iniciativas como esta do Itaú-BBA enfatizando a importância da Gestão do Risco de Mercado para o Setor de Açúcar e Etanol, reforçam quase 20 anos de catequização do agronegócio de que os riscos de mercado devem ser gerenciados através da exata quantificação. Com a utilização de derivativos e em linha com a Política de Gestão de Risco de Mercado da organização.
As ferramentas e técnicas para tornar isto possível estão bem estabelecidas. O que esta faltando na maioria das organizações do agronegócio é capacidade de aplicação.
Tem muita gente falando isso. Já faz algum tempo. Com a maior participação dos bancos privados e investidores no agronegócio, vai ter cada vez mais em 2020. Ficar aquém das expectativas deles, eleva risco de crédito e o custo de capital. Diminui o valor da organização. Muitas vezes mais que o investimento na implantação da efetiva gestão dos riscos de mercado.